quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Inesperadamente.... “de repente”....

Desde pequena nas redações da minha infância adorava essa expressão...era “de repente” aqui e ali , às vezes, junto... às vezes, separado... (para não errar todas as vezes)...e eu, acidentalmente ou não, escolhia para as minhas narrativas essa famigerada circunstância de tempo... que - insubstituível - substituída perde a força de ser...

Mas não é que a vida vem por aí nos pregando as mais deliciosas peças e, assim do nada, ou talvez de algo que nem eu me preocupe em entender...surge o de repente... não mais nas minhas histórias... com uma vestimenta nova... cara de algo que intenciona perturbar...causar estranhezas e se tornar assim até mais que um de repente...

Reconheci-o devagar.. mas completamente encantada em segundos-luz...

E na minha perplexidade meio comedida...meio atropelada...encontro-me agora decifrando - entre músicas e muitas palavras - o significado do inexplicável... que me toma... me acalenta... põe em mim sorrisos... propõe vontades...

Então entendo...preciso entender?... que o acaso está onde sempre deveria estar... e que o de repente pode vir – inesperadamente - sem pressa alguma...

2009... “ adeus ano velho”

Sempre achei estranha a necessidade do “ano novo” que as pessoas têm...

Nada mais nada menos do que a continuidade da mesma vida que se leva... com uma data nova... assim meio mostrando que o tempo não para...

Números... tão nada... servem às vezes para se errar a data no cheque (alguém ainda usa cheque?) ou para se constatar que, apesar de tudo, o mundo segue seu rumo...e que, por mais que as previsões digam o contrário, nenhum 2012 vai fazer ser diferente...

E as pessoas fazem planos.. como se a vida fosse mudar, simplesmente, porque a sua folhinha tornou-se obsoleta... hábitos novos... promessas... outras esperanças... a certeza de todo o impossível realizado... meio um pacotinho instantâneo de coisas boas...

Perde-se a noção de que a vida não é fragmentada em pequenos períodos de 365 dias... de que aquelas alegrias interrompidas... aquelas angústias insanas... aquelas lembranças esquecidas... continuarão ali do mesmo jeito... na expectativa da mesma dor... não há magia de ano novo que venha repentinamente curá-las...

A vida não irá melhorar nem piorar... sua rotina será mantida (sem graça por assim dizer) nas próximas horas depois dos fogos e todos esperarão - ansiosamente - pelo próximo 31/12...

É engraçado acordar depois do reveillon com a sensação de mundo renovado... é preciso olhos bons para se perceber um céu mais azul... ou um ar de dia mais brilhante...

Mas ao se olhar no espelho... como todo dia... sem esse romantismo fantasioso de ano novo... vai se ver o mesmo... e, na saída de casa, vai encarar como sempre o vizinho que não lhe sorri há séculos ( e que, às vezes, até ensaiará um bom dia porque “É ano novo”)...

Ou ao perscrutar com olhos realistas (cruéis?) a sua casa... o seu trabalho ... a sua despensa... ainda os verá do mesmo jeito como os viu na última noite do ano que se foi...

Então me pergunto se é mais triste ser sensato e ter a certeza de que o poder de mudança não se concentra em um novo calendário... ou iludir-se (talvez possa dizer... de forma relativamente saudável...) e esperar que a vida se renove... “que tudo se realize no ano que vai nascer”... que as incertezas se dissipem... que as pessoas e o mundo encontrem soluções para problemas sem solução... Não tenho respostas!... Mas peço, encarecidamente, a cada um que crê que torça para que 2010 me traga de presente essa tal esperança que anda meio longe de mim...

Na dúvida, que a gente seja mais feliz... não somente nesse ano que se acrescenta aos nosso milenar planeta... mas para o sempre de cada um...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Às “Meninas”, com carinho

As meninas do século XXI são diferentes e tão iguais...
Convivo com elas ali de perto.. nos corredores ... nas salas de aula... vejo-as com as mesmas ideias que tínhamos...mas são mais arriscadas... menos envergonhadas... mais donas de si...
Têm consciência da força que possuem ... coisa da qual não tínhamos noção...
Decidem sobre o futuro... e o que fazer à noite... o que vestir e onde dormirão...
Sorriem por tudo.. por nada... sonham conscientes do seus limites... discretamente e nem tanto...
São Gabrielas... Camilas... Isabelas... Brunas... Tâmaras... Carolinas... Amandas... Lorenas... Luízas... tantas e tantas...
Pintam as unhas coloridas.... os olhos e a boca...
Assistem a filmes de romance.. não choram por atores de folhetim...
“Ficam” sem culpa... e não acordam com a certeza de que vão se casar com o primeiro namorado... mas namoram... curtem... vivem... e se apaixonam...assim como fazíamos... diariamente....
Falam... em uma linguagem própria...doce...sedutora... e também pelo celular... que as fazem, assim como fomos, mulheres que esperam e esperam... por algo que ainda não sabem...
Nada é capaz de fazê-las mudar de ideia... a não ser uma ideia melhor que pode vir logo no dia seguinte...
Amam ídolos de papel de revista... mas sabem concretamente aquilo que mal sonhávamos viver...
São maduras imaturas... amáveis... rebeldes... no limite de um mundo que exige delas serem mulheres aos 15 anos...
Mas ainda guardam as bonecas ...escondidas...em algum cantinho da alma... pra brincar em um dia de chuva...
Sonham com passarelas...fotos... books...
Vivem em academias... e dividem entre si o mesmo esmalte...
Lindas... com essa beleza simples do acordar de manhã e parecer que nem dormiram...
Têm cabelos impecáveis... longos ... tantas loiras... todas... quase...
Mas morenas guardam um mistério indizível...
Vestem seus uniformes como roupas de galas e ficam perfeitas como se fossem assim... sempre...
Nessas meninas, miro-me... vejo-me... assim tão distante e tão perto...
Um dia menina que fui também...

Uma manhã qualquer

Então é uma manhã feliz...
Daquelas que você idealiza que durem por, pelo menos, 12 ou 15 horas...
Olha pela janela do ônibus e, entre as milhares de turbulências da sua vida, você enxerga só o azul... e que azul...do céu de BH...
Os problemas ...distantes... tornam-se momentaneamente pequenos...ridículos - existirão mesmo? - Ínfimos demais diante da grandeza de uma manhã assim...
E o mais gostoso do seu sorriso.. às vezes mal visto por quem não o sabe... é que você tem total noção do porquê está feliz.... (felicidade sem motivo é insanidade...)....
E você entende as pessoas que compartilham com você aquele dia...
E sorri para elas...
Para que elas sintam a sua manhã radiantemente feliz...
(deveria ser proibido ser infeliz quando alguém está feliz)
Um som assim... de um celular talvez... parece música para você...
A manhã completa-se...
Mas...
As horas passam... incansavelmente... e já não é manhã...
A ansiedade de cada coisa...das fáceis e difíceis... informam a você que a manhã terminou...
Escapa por entre seus dedos... por assim ser...
E agora...você volta a viver...
A vida que passa... sem lhe perceber e lhe impõe a necessidade de perder esse sorriso... sem sentido... (agora já o é)...que invadiu seu rosto ...
O fim da tarde anuncia o momento exato de voltar à então vida sem graça...
Ser feliz é só para aqueles que acreditam... você ainda tem que aprender...
A sua vida só lhe permite assim: pequenos momentos de alegria (descobre depois que felicidade é algo maior) que ficam turvos na penumbra da noite que chega...
Eu só queria entender porque todas as manhãs felizes têm que terminar em noites de tristeza profunda...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Enquanto janeiro não vem ...

Interessante da vida é o inusitado....
Então é uma noite quente de outubro... sem promessas...
e surge do outro lado do oceano... na mágica do inesperado...
a certeza...
consciente do seu poder... capaz de arrebatamentos...
faz-se encanto e encantado... irreal e possível...
Faz-me entregue... assim.... simplesmente assim...
Por um instante... ou todos... sem agora... ou depois...
Somente ali... a certeza - inesperadamente - ali...
Instigante pergunta: o que é o tempo em uma noite quente de outubro?
Pertinente resposta: a possibilidade de um janeiro muito mais quente...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Pessoas

(Para as pessoas encantadoras da minha vida...um pouco minhas... um pouco do mundo)

Sempre me encanto por pessoas...

Pessoas que me trazem à realidade... pessoas que me conduzem aos sonhos...
Pessoas que vêm me construindo no decorrer dos meus anos...
Pessoas que sempre estarão... e outras que se perderam na caminhada...
Pessoas que riem de mim... das graças das quais eu mesma duvido... que me veem com olhos suspeitos enxergando em mim algo além... que nem eu mesma sei...

Pessoas que não me sabem... por quem cruzo nessa viagem diária... e que fazem de mim paisagem... cenários de suas vidas corridas...
Pessoas que se fazem pessoas... milagrosamente anjos... assustadoramente monstros...
Pessoas que um dia dizem oi... no outro adeus... e simplesmente se vão...
Ou ficam pra sempre onde quer que estejam...

Tantas pessoas...

Que me encontram... E tornam-se parte de instantes mágicos. Viscerais!...
Que me fazem rir até sem vontade.. que entendem minhas lágrimas em silêncio... que choram os meus poréns...

Pessoas que trilham a mesma rua... que são doces no momento exato...que têm um colo inexplicável... um sorriso arrebatador... os mesmo desejos... as mesmas ideias... ou não... mas acreditam nas minhas bobagens... não se chocam com as minhas insanidades... trazem à minha vida a real dimensão das coisas boas...

Pessoas que estão ali... que eu amo devagar... com vontade de ser pra sempre...
Revestidas de amigos... de amores...
Essas pessoas se misturam a mim mesma...

Tantas pessoas essas que habitam em mim...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Dia do aniversário

Aniversário é meio assim...
de repente é o dia do ano. Pessoas há muito guardadas nas caixinhas coloridas do coração saem lá de dentro cheias de desejos bons para nossa vida... A gente se veste de cara alegre, independente do dia chuvoso ou cansativo, e sorri mil sorrisos daqueles próprios pra dia de ir ao parque... sabe aquele sorriso que cisma em continuar sorrindo... bem este... e fica tudo assim... como se a vida fosse somente isso... o dia da gente...

Aniversário é bem assim...
de noite...depois de uma dose bem gostosa de amigos...de você sentir-se assim meio insubstituível... tira-se a máscara de felicidade suprema... e sonha-se com a vida real...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Vazios que nos preenchem


Preencher espaços... esse é o nosso grande dilema. Talvez porque tanta coisa tenha sido preenchida tecnologicamente. E isso criou novas e novas expectativas. E enormes espaços vazios em nossas vidas vazias. Não vazias de trabalho, preocupações, correria, receios... Mas de sentido... E os espaços são muitos... Imperceptíveis, tantas vezes... buracos negros, outras tantas...

E aí nos deparamos com um armário deixado jogado às traças por semanas, só para se ter motivo de arrumá-lo para preencher o espaço do tempo... ou à espreita de uma ligação que não acontece... de alguém perdido há muito, trazido à tona do passado, só pra preencher o insistente e dolorido espaço da lembrança... ou nos atolamos no trabalho, esgotamos as possibilidades do nosso tempo, nos escondendo de outros espaços vazios, becos e cantos escuros, aos quais pouco nos remetemos com medo de descobri-los de novo, tão grandes, impreenchíveis...

E como são vazias as tardes... as madrugadas... neutras, insondáveis, insistentes em nos mostrar que estamos sós... Infinitos os espaços da solidão... espaços da alma... Falar deles é quase um sacrilégio. Mas preciso se faz. Precisa também é a necessidade de preenchê-los... tempo vão... De novo e de novo tornam-se vazios ... maiores quando temos plena noção do que são...

Vez ou outra, em momentos furtivos, compartilhamos espaços (vazios?) com iguais... cada um com suas carências... Únicas!... completamente iguais... múltipas carências em troca. E perdemos por segundos-luz a sensação do vazio...

Com o passar dos anos... a gente vai percebendo que os vazios vão se incorporando à gente... tornando-se companheiros... Aprendemos a conviver com eles - Ironicamente... somos preenchidos por eles - nossos espaços... cheios de nós mesmos...


terça-feira, 8 de setembro de 2009

Uma geração sem ídolos



Trabalhar com adolescentes me dá a dimensão total do que foi o mundo em que vivi há exatos 25 anos atrás... Éramos menos alienados, não por excesso de informação, mas por pura consciência... vivíamos mais... entregues a um mundo onde ainda se permitia andar nas ruas até horas adiantadas e sorrir de volta pra um desconhecido sem correr o risco de estar se expondo demais.

Fomos uma geração mais cor de rosa, menos noturna, mais cinema no sábado à tarde, festinhas dançantes na casa de amigos, mais clube da esquina e sorvete na São Domingos...

Não recebíamos notícias imediatas na hora do fato ocorrido, não falávamos com nossos amigos em frações de segundos, não colocávamos em diários eletrônicos nossas últimas ações... mas sabíamos de Fidel, Che, AI5, Caetano e Chico e assistíamos à buzina do Chacrinha... e não a realities shows e outros programas abusivos da natureza humana... ouvíamos músicas de protesto... mas também muito rock... bossa nova...músicas tocadas no violão no fim de tarde na casa de alguém da turma...

Tínhamos Airton Senna, Tom Jobim, Michel Jackson, Beatles, Janis Joplin e tantos outros que nos deram um gosto apurado por coisas boas... eram reais e não covers... acreditávamos em um mundo mais terra, menos tecnológico... aquecimento global era tão ficção como o romance de George Orwell... e a palavra natureza não gerava polêmica... era tudo natural... fácil... acessível... tínhamos noção da lua como nosso satélite e não pensávamos que um dia tudo seria monitorado por tantos outros artificiais....

Paquerávamos um pouco mais timidamente ou talvez nem isso... dançávamos de rostos colados... e ficar era um verbo conjugado no seu sentido real e possivelmente esperávamos que um flerte durasse mais que algumas horas... acreditávamos em amor livre, mas sonhávamos com amor eterno...

Foram tempos deliciosos... totalmente distantes dessa parafernália da qual somos vítimas voluntárias neste nosso agora... Ainda há aqueles que se negam a ter uma conta de e-mail, deixar de lado o vinil e passear por aí com um aparelho moderno de telefone celular... a esses rendo homenagens ou desejo que procurem urgentemente ajuda psicológica...

O que sei é que apesar dessa geração moderna do século XXI... cercada de utilidades – hiper...supernecessárias - inimagináveis no “nosso tempo”... os nossos jovens de hoje curtem o rock dos nossos anos... consagram nossas ideias... referenciam os nossos ídolos... e sentem a nostalgia de um tempo que nunca conheceram...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Para aquele que não passou...

O mais importante de você é que você é.

Quando a linha do fim alinhava-se à linha da possibilidade não há passado. Não há tempo, não há sensatez, nem racionalidade que me faça pôr fim a você. Você é atemporal e isso o faz ser sempre. Impregnada de você, vou seguindo e vou responder a seus apelos, os mínimos que sejam, e vou enxergar você na música e ouvir você nas coisas. Porque você me é insaciável. E os espaços... serão preenchidos? Em nada ninguém substituirá o que você é... foi. O seu nome , em qualquer lugar, usado por outro ou não, será sempre seu. Som olfativo que me traz à boca um gosto de algo que quero esquecer... quero esquecer?

De tudo que vivi. Separações e perdas... Tempestades e crises... Felicidades supremas... Alegrias pontuais... Tristezas no fundo do estômago... Você não se define. É tudo que me importuna... e que me acalenta... Eu sei...o tempo tornará você brando... Fa-lo-á distante, sem rosto, sem gosto, lembrança. Assustarei um dia com sua imagem na minha retina, insistente em não se perder, mas sem contornos claros. Será você ainda...ainda assim...

Cruel isso tudo. Mais cruéis as histórias porque elas se cruzam e se intercruzam. E em alguma rua a gente se encontra. Então fecharei os olhos para prendê-lo ainda na memória. Para não confundir você com você. É insuportável deixar entrar de novo na minha vida... assim de repente... aquele que não passou...

Que fique tudo como está... Desapareça para sempre este você concreto! Real!... a sua lembrança é o que eu quero... sou apaixonada sim... mas por quem existe em mim... aquele que não passou... você? Este que me aparece sorrindo de novo em um momento inoportuno? Não sei quem é...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Respostas a perguntas que nunca serão feitas

O porquê de um blog...

Eu e minha vontade de falar...
Não tenho o dom da palavra... nem sou dona da verdade... porque hoje o que mais sei é que verdades são relativas... mas resolvi criar esse espaço para, publicamente, palavrear... porque a palavra só existe como comunicação quando é lançada ao vento...


Fazer-se de difícil não torna ninguém mais interessante... os opostos não se atraem, mesmo porque nem se cruzam... ninguém é mais livre só porque decide estar só...

Mulheres são complicadas quando mal entendidas... o prazer de um não é o desprazer do outro... nem sempre um está errado, quando o outro está certo... nem toda mentira será um dia revelada...

Depois da tempestade nem sempre vem o tempo de paz... um raio cai várias vezes no mesmo lugar desde que você insista em atraí-lo... entre quatro paredes vale o que os dois quiserem... até que a morte os separe e felizes para sempre não combinam...

Respostas a perguntas que nunca serão feitas


Um dia alguém levanta da sua cama às quatro horas da manhã e diz que o relacionamento não está dando certo... Você sorri... Não porque está feliz... Mas porque não acredita no non sense que a situação propõe... E a pergunta insistente ainda é: por quê?

Não há resposta... Por que haveria?... É só a vida... E esse medo que assalta por vezes homens e mulheres de uma geração estranha que se acostumou a viver só... Medo do compromisso?... Pouco demais pra ser uma resposta... Restam perguntas... Mas que nunca serão feitas...

Que medo é esse de ser feliz?... Que desejo é esse de não se envolver?... Que envolvimento é esse, permitindo-se somente sentimentos fulgazes?... Que sentimento é esse de saber-se livre exclusivamente quando se está só?.... Que liberdade é essa que se busca em meio às prisões de uma vida ermitã?....

Ninguém quer resposta... É doloroso demais ver-se assim tão impotente a ponto de não ser capaz de optar por viver intensamente...

Sentimentos comedidos perdidos em meio a beijos em bocas desconhecidas... é mais seguro assim... não saber quem é o outro... uma boca... um sorriso inexpressivo ... um número de telefone deletado nas primeiras horas do dia seguinte... um nome sem rosto adicionado aos contatos de uma agenda telefônica em um chip sem emoção...

Noites sem prazer ao invés do corpo escolhido...quente que tanto se encaixa ao seu... protótipo de uma felicidade assustadora...

Planos feitos na surdina para serem arquivados na memória ao lado de pensamentos felizes, mas que, por motivos inexplicáveis, devem ser esquecidos pra não se ter um dia o contato com uma realidade tão deliciosa que traga a dor do arrependimento de nunca ter sido permitida...

Closer... e oportunidades se perdem... porque estar perto demais de ser feliz traz uma dor lascinante.... melhor essa vidinha mais ou menos ... do pouco.... do morno.... da zona de conforto... sem grandes emoções... mas sem dores de alma.... sem este espasmo profundo que é amar alguém até as últimas consequências....

As perguntas se calam talvez sejam incômodas demais...

Calem-se também todas as bocas e os pensamentos.... as consciências... as vontades...

Tranquem-se em suas casas.. escondam-se dos espelhos...ofusquem os brilhos que ainda cismem em aparecer ao vislumbrar os olhos de quem se quer...

Deixem romances pra filmes hollywoodianos em que os finais felizes, distantes, não incomodem tanto a nós, pobres mortais....

Talvez seja esse mesmo nosso século de vanguarda.... pensar que sentimentos devem ser omitidos, burlados, boicotados... para que não se tenha nunca a certeza da felicidade repentina ao descobrir o quanto podemos ser quando nos encontramos inteiros junto do outro...