quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Hoje

Não me encontro ... nem me perco...
Hoje me permito somente...

Ainda me assusto com as pessoas...
Ainda me magoo...
Ainda quero entender...
Mas é em uma hora distante do presente em que me encontro...
E...
nessa hora...
não há lugar para nada que me atire no poço...

Vou subindo devagar...
Ainda há sol e estrelas...
Em algum lugar...

Sem inesperados...
Sem novidades...
Sem o possível...

Hoje sou somente eu...

Para o meu pai...

Sua vida foi uma poesia.... sem muitas rimas...

Mas com muitas histórias...muitos amigos

Uma herança de coisas boas...honestidade... humildade...

Uma capacidade incrível de acreditar...de persistir...

De enxergar a vida sob os olhos da ingenuidade...


Ensinar é um exercício de imortalidade.

E com isso ele se fez presença em tantos e tantos

que de alguma forma continua a viver naqueles

que aprenderam a ver o mundo pela magia da sua palavra.


"O que a memória ama fica eterno.” (Rubem Alves)


Viveu 81 anos e não tivemos tempo de dizer adeus...

Na verdade não há adeus... há uma pausa da convivência...

há um instante para ele descansar.. tornar-se encantado...

A eternidade é seu lugar... continuará aqui... naquilo que nos ensinou..

Na voz dos seus netos... na lembrança de cada um...


Missão cumprida, Nelson!

Foi um privilégio tê-lo conosco... e aprender a vida com você.

Hora de contar suas histórias para os anjos....


Para sempre amaremos você...


“Deus existe para tranqüilizar a saudade...” (Rubem Alves)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Impressões



Chovia...
na minha vida.

O tempo escorria pelas janelas...
Imprevistos quase não me habitavam mais...

Mas era véspera de quinta-feira!!!

Inesperadamente de novo, e de novo deixei que o sonho me viesse visitar...

Que meus olhos soletrassem confissões...

Ao fundo um sax inaudível fazia sala para aquele esperado momento...

Falou-se tudo... quase nada... tanto que tinha a ser dito.

As dúvidas que restaram não conseguiram estabelecer concretude.... perderam-se em meio ao silêncio delineado vez ou outra...

e muito se disse ali também...

A felicidade estampada no meu corpo contou de mim a todos...

As impressões digitais que ficaram foram promessas de outras vezes...

Outras impressões... tantas... fecharam a noite já sem chuva...

Havia estrelas em algum lugar imperceptíveis para quase todos... com olhos ainda nublados de tempestades...

eu as via claramente...

Uma certeza: quartas-feiras sempre vêm antes de quintas-feiras... Que bom!







































































































































sexta-feira, 30 de julho de 2010

Algum lugar do passado...

Hoje o passado veio rondar meus sonhos...querendo fazer-se presente de novo...

devagar...

Mas encontro-me tão sem futuro... a vida agora passa lenta e perde-se por entre os vazios e os não seis que me habitam...

Sinto-me estranhamente preenchida por desejos sem vontades... e busco nas banalidades motivos...

somente caminho...

Meu celular toca sem sentido... nada espero... quero ainda menos...

Hoje acordei num sábado nublado... e o passado fez-se presente... Até quando?...

Até quando?...

Até quando?...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Quinta-feira

Estava azul ... não o céu ... mas o dia...
O céu também...

Havia vontades no ar...explícitas...
Expectativas que vinham se delineando em palavras... por uma semana-luz...

Enfim era quinta-feira...

E quinta-feira começou à tarde
e não terminou...

Durou momentos... delícias... revelações... encantamentos...
Rendeu promessas... cumpriu querências... jurou de novos...

Fez-se atemporal logo no começo... e ficou por assim dizer indefinidamente...

Ainda é quinta-feira e não se sabe mesmo por quanto tempo...
talvez o tempo suficiente para estabilizar-me nas nuvens...

Restou uma certeza...
entre o sonho e o impossível...
seria tudo de bom se todos os dias fossem quintas-feiras...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Vinnil

Um olá impulsivo... e a palavra fez-se música... daquelas de ouvir por horas e horas... sem pensar no lado B...

Então já não eram dois lados.. ou talvez ainda tentassem ser... porque os começos são assim... exageradamente começos... deliciosamente possíveis...

A tarde passou... (passou?)... não mais vazia... O outro lado... o meu lado A... guardava o som que eu ainda não conhecia... mas que me fazia antecipar sorrisos e um tempo bom...

Opto por deixar a música rolar... não há mais frases de improviso... No tempo... Restam depois... (depois?)... ou todos os agoras... entre palavras e poesias... o dito e o a dizer... encontro-me a desvendar você... certosfragmentos...

domingo, 11 de abril de 2010

Promessa

O frio veio como uma promessa de noite boa... para pipocas...filmes... o calor da cama...

Nada tão promissor...morno... cerceado do possível da minha realidade...

Mas instalava-se no ar o acaso...brincando de novo de fazer-me feliz...

E porque as estrelas escrevem mistérios... o possível veio por assim dizer com surpresas e surpresas... (adoro suspresas)... entre raios em uma noite sem chuva...

Das promessas feitas para aquela noite de sábado... não houve nenhuma não cumprida... restaram sim outras promessas...

De um tempo sem espera...

terça-feira, 9 de março de 2010

O que espero de você

Difícil falar de espera...

Ato pulsante... dolorido.. necessário...

Faz-se espera aquilo que gera expectativas... que propõe perspectivas...... que deixa marcas...incomoda... se ausenta... se sustenta... é saudade... é vontade... é espera...

tempo... tempo... tempo...

O que espero, às vezes, nem eu mesma sei...

Mas de você... eu sei...

Espero de você ver a chuva abraçadinhos no sofá... seu sorriso no início do dia... um telefonema no meio da noite... um "quero você" em uma hora inoportuna...

Espero de você que escolha músicas para mim... e as ouça tendo-me como lembrança...

Espero de você uma intimidade que dói... de me conhecer a fundo... sem medo do que há de vir...

Espero de você a paz que eu busco... um olhar além de mim mesma... tardes com sorvetes... dedos entrelaçados - cúmplices - em um lugar qualquer... um olhar silencioso pela mesma janela...

Espero de você o cuidado de um bom dia... um olhar para trás na hora da despedida... uma trufa de surpresa...

Espero de você um tocar de mãos em um momento mágico... um esbarrar de pés no meio da noite... um carinho em todos os depois... a saudade do beijo... o desejo de tornar eterno um certo instante...

Espero de você... que ainda se faz vontade... uma promessa a ser cumprida... um talvez ou pode ser... mas que vai assim se perdendo... na espera... tornando-se possibilidade...

Mas ainda assim espero...

Ainda espero por você!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Bjbjbjbj

Explicar pra quê?

Tem fato que não pede explicação... é honesto por si mesmo... passível de nunca mais... de para sempre... impreciso... e de uma ternura... assim meio sem entendimento...

A inquietude que causa não precisa detalhamento... vem de dentro... de algo anterior... não se sabe de onde... e... brotou na alma... puro... fez-se sentimento... quase sem querer... sem pedir resposta... nem ao menos deixar dúvidas...

É encantamento... precisa de sentido? Pra que fazer de tudo ciência... magia é só magia...

E são noites perfeitas... de hora marcada... de olhos e cabelos... de bocas e sorrisos... de mais e mais você... os objetos desse fato... script de um romance que ainda não se sabe... de todo futuro pretendido... do pouco que ainda se tem...

Então vem o possível rondando de novo meus dias... perdendo deles a rotina... fazendo-se começo do começo...

Depois termina com tantos afagos quanto se pode desejar... faz-se de novo querência... de novo e de novo vontade...

E a calada da noite traz-me vc da brisa de um lugar distante que nem sei ainda... arrebatador... bjbjbjbj.

Em fim

Nem todo o fim carrega em si a tragicidade que se espera...

Fins são possibilidades... abrem-me para novas circunstâncias...conduzem-me a novos começos...

Encarar o fim como perda é não perceber que o caminho a ser trilhado depende dos meus passos e que parar é uma opção exclusivamente pessoal...

Dizer também que gosto de fins seria cruel... porque, por mais que seja esperado, o fim tem ares de derrota... mas é excitante sabê-lo gerador de outras revoluções... necessárias...vitais...

Amanhece em minha vida um novo entardecer... hora de partir... de encarar de frente o fim que insiste em fazer-se momento...

Fecho a porta... o fim não permite talvez... à minha frente está o meu começo... sempre...

Porque eu sou o começo... o começo... o começo...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Simples

Se alguém me dissesse que teria que escolher entre sentir saudades ou ser livre: escolheria a saudade.

Saudade é a certeza de algo bom que existiu ou ainda existe em algum espaço do planeta e que fez parte da gente de alguma forma... é realmente uma falta de liberdade assim meio desejada... e, ao mesmo tempo, não escolhida... porque a saudade faz parte do "de repente"... é sentir-se acorrentado, por opção... por uma dor sem cura... prazer estranho de saber-se sob o poder de alguém e querer estar mesmo entregue...saber que o distante foi um dia possível... ter a certeza da concretude dos sonhos...das cicatrizes da alma... de que tudo valeu o instante... sendo dor ou alegria... é saciar-se com um aceno e com a possibilidade do de novo...

Acordar a saudade é deixar que as lembranças assim, meio reprimidas, ocupem o lugar do qual nunca deveriam sair e encham a alma...

Manter a saudade é o ato mais sensível dos sensatos capazes de reverenciar os momentos felizes da vida...

Saudade é estar no meio do mundo e fechar os olhos por quem ali não está... é estar em uma praia e saber de alguém que sorri por você... em algum lugar...

E de repente sentir-se feliz por ser falta...

Ser livre é escolha pequena perto do sentir-se preso a alguém pela saudade
...